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PONTES SOBRE O RIO TIETÊ 04

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ASSORIAMENTO DO RIO

GRANDES AVENIDAS 03

VIADUTO ENGENHEIRO ALBERTO BADRA 02

PRODUZINDO RIQUEZA

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

MIGUEL BADRA JUNIOR DESBRAVADOR DA CIDADE DE SÃO PAULO


MIGUEL BADRA JR.                                        Palmeiras, SP. 16/12/1949

Miguel Badra Jr. Cursou o Colégio Universitário, de 1937 a 1938, e o curso de pintura e escultura da Escola de Belas Artes de São Paulo, de 1938 a 1941 (Badra Jr. 1985.p.1). Em 1941, foi admitido no curso de Engenheiro-arquiteto da Politécnica, tendo se diplomado em 1945. Naquela época, já havia participado em alguns concursos: A catedral Ortodoxa de São Paulo(1943.pp.109.115); O hospital São Joaquim da Beneficência portuguesa (1943.pp.155-160); e o Palácio Legislativo de Quito (Badra Jr. E Paganelli, 1945.snp). Publicou ainda os projetos de uma residência no Pacaembu em estilo neocolonial (Badra Jr., 1944 pl.210) e da Escola Paulo Souza do Grêmio Politecnico (1944.snp), os dois últimos em estilo moderno.

Em 1945 fundou, em sociedade com seu irmão Alberto Badra (eng. Civil e elétrico. Poli.1935)  a Alberto Badra, Miguel Badra Junior & Cia, da qual era um dos responsáveis técnicos em 1949 (CREA 6ª Região, 1949.p.461.Essa foi sucedida pela ENGENHARIA BADRA, posterior BADRA S/A. empresa de projetos e Construção; em 1960, fundou a MIGUEL BADRA JR. ARQUITETURA E PLANEJAMENTO (Badra Jr. 1984.p.3) Além dessas empresas, foi diretor técnico da Cia. De Terrenos Anastácio, Conselheiro das Industrias de Auto Pecas e Radiadores RCN, Diretor Presidente da Pioneira Engenharia e Construção, Diretor da Agrícola, Industrial e Comercial Itapoan e titular do Haras Theba Agro Pecuária.

Suas primeiras obras foram dois conjuntos de casas econômicas, um com cento e doze unidades a Rua Franca Pinto, e o outro com quarenta e cinco unidades a Travessa Benito Juarez.
Em 1946, projetou e construiu sessenta casas econômicas na Vila Oratório e participou no concurso do Paco Municipal de São Paulo. Foi construtor de dois projetos de Rino Levi: a sede do Lab/SP (Acrópole, 1948, p. 1-2) no qual se inspirou ao projetar a Casa do Estudante Politecnico (Badra Jr. 1949.pp.70/71) e o Hospital Central do Câncer (Levi e Cesar, 1953.pp11-18).

A partir de 1949, realizou uma serie de prédios de apartamentos, entre os quais o Edifício Venus e Marte, a Avenida Bernardino de Campos nr. 144, o Edifício Regina Badra, a Rua Bento Freitas nr. 551(Badra Jr. 1954.PP 68-70, o Edifício Cacique, a Rua Paraíso nr. 753(1956.pp.34-37). O Edifício Itapoan (1956,pp.64-65), o Edifício Colméia(1956,pp. 34-27) O Edifício Emílio Carlos, a Rua Manoel da Nóbrega nr. 1004, etc., Projetou a sede do Jockey Club de São Paulo, a Rua Boa Vista, selecionado em concurso privado, e a sede da Badra S/A, a Rua Joao Moura nr. 650.

Realizou ainda cerca de três dezenas de residências, algumas da quais foram publicadas (1959, pp.172-173; 1959, pp. 332-335; 1960, pp.244-246), alem de hospitais, industrias, escolas, clubes, conjuntos habitacionais etc. Participou em vários concursos, como a sede do Departamento de Estradas de Rodagem (1952. P.388). Para a Prefeitura Municipal de São Paulo. Realizou projetos construtivos de mais de uma dezena de escolas; para o Estado realizou a construção do Colégio Estadual de São Paulo, no Parque Dom Pedro II, e o Colégio Técnico Industrial Getulio Vargas,  Rua Clovis Bueno de Azevedo nr. 70. Sua obra mais conhecida e a Fundação Getulio Vargas, a Avenida Nove de Julho(1961.pp.387-389). De 1974 em diante, dedicou-se ao empreendimento da Marina Canal do Guarujá (1973.pp.108-115).

Mas a principal atividade de sua empresa, desde o inicio de sua carreira, quando realizou a retificação do rio Tiete em 1945, foi a construção de obras publicas de infra-estrutura urbana: pontes e viadutos, dragagem e desassoreamento de rios, terraplanagem, saneamento, pavimentação de estadas etc.

Das sessenta e duas pontes que construiu, sete são sobre a marginal do Rio Tiete, quatro sobre a Marginal do Rio Pinheiros e quatro sobre o Rio Tamanduateí, alem de dezoito viadutos na cidade. A Badra S/A também construiu, barragens, detêm o monopólio desse serviço nos Rios Tiete e Pinheiros.

Miguel Badra Jr. Também desenvolveu atividades didáticas. Ainda estudante, entrou para o corpo docente da Escola Técnica Getulio Vargas, onde lecionou ate 1971. De 1952 a 1954. Foi professor da cadeira de “Teoria da Arquitetura”, na FAU/USP, tendo prestado concurso em 1957, com a tese “A Industrialização na Arquitetura, sua conveniência e um “Plano de Governo” (1957).

Participou do quarto congresso Brasileiro de Arquitetos, em 1954(Instituto de Arquitetos do Brasil/SP, 1954. P.263). Foi Membro do Conselho Nacional da Habitação Popular de 1961 em diante e diretor da Associação Paulista de Empreiteiros de Obras Publicas de 1967 a 1969; foi diretor do Museu de Arte Moderna e Conselheiro da Fundação Judit Buzaid. Publicou o Livro: "Notas a Teoria da Arquitetura" (1957) e o ensaio “Da Caverna aos Nossos Dias” (1966,pp.6-13).

Estava inscrito no CREA 6ª Região (1949.p.266) 1949.
Por Sylvia Fischer, os Arquitetos da Poli. Ensino e Profissão em São Paulo.


               "MIGUEL BADRA JUNIOR, O EMANCIPADOR DE OBRAS"

1)- APRESENTAÇÃO
O presente relatório tem como objetivo caracterizar o atual estado de conservação do imóvel denominado CADOPÔ, localizado a Rua Afonso Pena, 272. O edifício foi recém adquirido pela municipalidade para abrigar futuro anexo do Arquivo Histórico Municipal Washington Luiz, que funciona no Edifício Ramos de Azevedo, em lote contíguo.
Esta caracterização tem o intuito de dar um retrato do estado em que o edifício foi adquirido pela prefeitura, já que deverá ser em breve recuperado e adaptado para receber o novo uso.

2)- BREVE HISTÓRIA
A Casa do Politécnico foi construída para abrigar as instalações da moradia estudantil e do Grêmio da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, que a época funcionava no Edifício Ramos de Azevedo. O primeiro processo de entrada do projeto na prefeitura data de 1949.
O edifício foi construído provavelmente na primeira metade da década de 50 e quem assina é o engenheiroarquiteto Miguel Badra Júnior, que aparece também como construtor junto com Alberto Badra. Em 1956 sofreu algumas modificações no agenciamento interno dos usos, o que gerou nova entrada de processo no arquivo da prefeitura.

A Casa do Politécnico foi construída por iniciativa do Grêmio da Escola Politécnica, com ajuda de particulares, em sua maioria ex-alunos, e da reitoria da USP e funcionou plenamente a seus propósitos durante os primeiros 20 anos de existência. Na década de 70, com a transferência da Escola Politécnica para a Cidade Universitária, o edifício foi perdendo seu sentido, pois localizado no Bom Retiro, estava muito longe das instalações da Escola.
Nesse momento começou o processo de degradação e abandono do edifício, que deixou de exercer a função para que fora projetado, e foi sendo ocupado por outros moradores, e posteriormente por grupos artísticos, de teatro, dança e artes gráficas, não mais necessariamente vinculados à universidade ou ao Grêmio Politécnico, que ainda mantinha a propriedade e a gestão legal do prédio.

A Casa do Politécnico, a partir da década de 80, quando já havia pouquíssimos moradores estudantes da USP, se mantinha basicamente das festas realizadas em suas dependências, o que não era suficiente. Além disso, a falta de envolvimento dos moradores que não tinham a ver com os estudantes foi contribuindo para a falta de manutenção e o descaso. Aos poucos o edifício foi sendo abandonado pelos estudantes que restavam e invadido.
Em 1993, o Grêmio Politécnico entra com um pedido de reintegração de posse junto a prefeitura e consegue desocupar o prédio. Dois anos mais tarde, cede em comodato a utilização do edifício como moradia para um zelador, que tem por obrigação fazer a manutenção do edifício.
É quando se tenta fazer um movimento de renovação do uso. Os diretores do Grêmio tentam estabelecer contato com a Secretaria de Cultura do município, e apresentam propostas de gestão compartilhada para transformá-lo em casa de cultura.
Sem muito avanço nas negociações, o próprio Grêmio tentar articular uma ocupação artística, com uma programação de eventos e performances, que começou a dar um novo caráter a ocupação do edifício.

Se por um lado a ocupação dos últimos anos deixou um rico legado artístico e deu ao edifício um novo caráter referencial, por outro, a inadimplência, a falta de manutenção e de gestão presente acabou por deixar o edifício em estado lastimável. Os ocupantes foram improvisando as instalações da maneira que podiam e acabaram contribuindo para a degradação.
Nos anos 2000, foi novamente estreitado o contato com a Secretaria de Cultura, na figura do Departamento do Patrimônio Histórico, com a intenção de recuperar o edifício e requalificar sua utilização.
Em 2007, a Secretaria Municipal de Cultura começou a fazer os atuais estudos e a articular a desapropriação do CADOPÔ para fazer projeto de adaptação com o intuito de abrigar anexo do Arquivo Histórico Municipal Washington Luiz. Finalmente, em 2008, o edifício passou a ser propriedade do município e os estudos para o projeto arquitetônico de adaptação foram finalizados.

3)- CARACTERIZAÇÃO DO EDIFÍCIO
O edifício do CADOPÔ pode ser entendido em base e corpo, com tipologias diferenciadas. Térreo, mezanino, 1º, 2º e 3º andares formam a base, coincidem com a altura do edifício Ramos.
A base tem desenho mais leve e fluído, com diferenciação das projeções do piso e varandas. Os materiais predominantes são os panos de esquadrias metálicas e de tijolo aparente.
Do 4º ao 8º andares, a massa do edifício é mais densa e compacta, com revestimento em pastilhas cerâmicas e janelas quadradas com sistema de venezianas distribuídas regularmente na fachada.
Este bloco pode ser entendido como o corpo superior, é mais claro e se confunde com os edifícios residenciais do entorno.

O 9º pavimento é um grande terraço, com uma pequena área ocupada onde havia uma lavanderia e a original casa do zelador.

A base corresponde aos usos coletivos do edifício: a sede do grêmio, salas de estudo e de trabalho, refeitório, etc. No corpo superior ficavam as habitações estudantis, numa planta livre, com divisórias leves.
Nos últimos anos, o primeiro andar estava sendo ocupado por um grupo de teatro que já fazia apresentações e que para tal fim empreendeu modificações como pinturas, fechamento de vãos, separações com divisórias e a implantação de um banheiro.

O 5º e o 6º pavimentos eram utilizados como ateliês e por isso hoje são os que mais possuem instalações gráficas e intervenções artísticas.
A circulação vertical se dá por meio de duas torres de escadas. A primeira, de lance único, serve todo o edifício. A outra vai do térreo ao terceiro andar, servindo somente aos usos coletivos. O edifício possui um elevador, atualmente inutilizado.

Miguel Badra Jr, engenheiro-arquiteto formado pela Escola Politécnica da USP em 1945, além de projetar o edifício, foi, juntamente com seu irmão, Alberto Badra, engenheiro civil e eletricista também formado pela Poli, na empresa Alberto Badra e Miguel Badra Júnior & Cia, responsável técnico pela sua construção.

Projetado e construído na década de 50, o edifício do CADOPÔ carrega fortes influências do projeto moderno e dos preceitos corbusianos: pilotis, teto jardim, planta livre, janela contínua e estrutura independente. MIGUEL BADRA JR, além de arquiteto e construtor atuante, lecionou a cadeira de “Teoria da arquitetura” entre 1952 e 1954 na FAUUSP, e prestou concurso em 1957 (FICHER, 2005).
Sua produção teórica e acadêmica estava ligada a defesa de uma arquitetura fundamentada na técnica, na estética da ciência; naquilo que chamava de verdade em arquitetura, a expressão franca , espontânea, sem falsidade (MIGUEL BADRA JR, 1959).

Segundo Sylvia Ficher, MIGUEL BADRA JR. foi o construtor de dois projetos de Rino Levi, entre eles a sede do IAB/SP, em que se inspirou para ao projetar a Casa do Estudante Politécnico. Em seus escritos, procurava uma arquitetura contemporânea, que refletisse o modo social e a estética de seu tempo; cita várias vezes os projetos de Richard Neutra, Frank Lloyd Wright e Le Corbusier, e a obra de Bruno Zevi e Benedetto Croce, o que revela suas influências teóricas e projetuais, bastante atuais na época.

4)- FONTES
BADRA JR, Miguel.
ESCOLA POLITÉCNICA DA USP.
http://www.poli.usp.br/Organizacao/Historia/ default.asp, acessado em 22/09/2008.
FICHER, Sylvia.
Processo administrativo 1988-0.018.807-9. São Paulo: PMSP, 1949.
Processo administrativo 1988-0.018.808-7. São Paulo: PMSP, 1949.
Processo administrativo 1988-0.018.809-5. São Paulo: PMSP, 1956.
STPRC. Documentos de trabalho, atas de reunião e relatórios técnicos
Notas à teoria da arquitetura. São Paulo: Anhambi, 1959.História da Escola Politécnica. Disponível emOs arquitetos da Poli: ensino e profissão em São Paulo. São Paulo: EDUSP, 2005.
                                                                                                       

Edição pública Pinheiro Barbosa em 01122010